sábado, 18 de junho de 2011

Medo

Temo. Temos.

Medo da distancia dos nossos corpos ate o chão.

Que não haja raios de luz em volta que nos clareiem os olhos.

De qualquer inseto que habita nos ralos e salte de assalto

Medo do monstro, menina, vampiro, velha, palhaço,

Medo da seca do outono, das águas de março.



Temos, sim! Claro que temo.

Medo do câncer de pele, infarto, lupos, difteria,

Que não haja remédio, que arda que queime que dure a agonia.

Do leito que deito, do ar que me falta, da perna falhar.

Medo da faca, do tiro, do homem, de sangue, do mal.

Medo do vento, torrentes, calmaria, temporal.



Tememos. Trememos.

Medo do público e da publicidade que a intimidade pode ganhar.

Que o peito apareça, que nunca se veja, que se dilacere, sem nunca pulsar.

Que riam das minhas misérias, mas que fiquem sérias se a piadas falhar.

Medo do futuro, da cigana, da vela, do negro, das vidas passadas.

Medo do oculto, ocultismo, do culto, das cartas marcadas.



Todos temos. Temo todos.

Medo do dinheiro que sobra, acabe, falte ou suma

Da solidão que me cerca apertar ate quase eu sufocar

Da multidão que me tranca me esquece me insulta

Medo do som, do silencio, do estrondo, da pausa,

Medo que eu suma, em suma, medo de amar.

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